Pesquisador australiano usa bioimpressão para desenvolver novas células da mandíbula e gengiva
A impressão 3D é uma das tecnologias que mais cresce entre dentistas. A versatilidade e a agilidade no preparo de guias cirúrgicos, próteses, estudos de avanço de alinhamento e muito mais já se provou e pagou para essa grande comunidade, ao ponto que dentre o setor medicinal é o campo com mais aplicação no Brasil.
Mas e quanto à bioimpressão e biofabricação? O setor que é ainda inovador e muito recente nos meios médicos também começa a crescer no segmento odontológico, numa comunidade que é ávida por novidades que acelere tratamentos, diminua dores a seus pacientes e tenha um impacto positivo sem pesar no bolso de nenhuma das partes.
Algumas coisas incríveis estão acontecendo na indústria odontológica, no entanto, graças à nova tecnologia - e quando se trata do próximo procedimento complexo - você pode encontrar ajuda de suas próprias células e da tecnologia de impressão 3D, graças às novas descobertas da Austrália.
Apesar do uso intenso no desenvolvimento de órgãos para ensaios de medicamentos, e até mesmo comidas, que tornaram a bioimpressão famosa ao redor do mundo, na odontologia uma nova abordagem tem sido adotada.
De acordo com o periodontista Professor Saso Ivanovski, do Menzies Institute da Griffith University, após cinco anos de pesquisa, ele desenvolveu uma maneira de projetar ossos e tecidos ausentes na gengiva e na mandíbula usando as próprias células do paciente. Muitos podem não perceber isso, a menos que tenham passado por procedimentos semelhantes, mas atualmente os cirurgiões-dentistas retiram ossos e tecidos de partes do corpo como o quadril e até mesmo o crânio, diz Ivanoski.
“Esses procedimentos costumam estar associados a dor significativa, lesão nervosa e inchaço pós-operatório”, disse ele.
O método de Ivanovski deve, em conceito, oferecer melhorias em todos os aspectos, incluindo melhor acessibilidade. E se seu estudo tiver sucesso, a ideia funcionaria assim: os pacientes poderiam fazer uma tomografia computadorizada da região lesada. Em seguida, seria enviado para uma bioimpressora e uma nova peça seria construída.
“As células, a matriz extracelular e outros componentes que compõem o tecido ósseo e gengival estão incluídos na construção e podem ser biofabricados para se adequar exatamente ao osso e gengiva que faltam para um determinado indivíduo”, disse o professor Ivanovski.
Tal como acontece com muitos outros conceitos de bioimpressão e implantes impressos em 3D, espera-se que as novas células cresçam com sucesso no tecido saudável existente, pois as células utilizadas são dos próprios pacientes, tornando muito mais provável que o novo tratamento minimamente invasivo seja um sucesso.
“No final de todo o processo, você não seria capaz de identificar o que é osso velho e novo”, disse o professor Ivanovski.
Embora isso obviamente siga os princípios básicos da bioimpressão que acontece em muitos outros laboratórios, oferece uma solução imediata para uma necessidade imediata. Devido ao seu potencial na indústria odontológica, este será um estudo de três anos e recebeu US $ 650.000 do Conselho Nacional de Saúde e Pesquisa Médica.
Os pesquisadores esperam iniciar os ensaios pré-clínicos para os procedimentos odontológicos de bioimpressão durante o próximo ano. “Até o final do ano, queremos começar a implantar alguns dos construtos em alguns dos processos mais simples”, disse o professor Ivanovski.
Principais referências utilizadas na matéria:
3DPRINT.COM. Acessado em: março de 2021. Disponível em: 3dprint.com
DENTISTE À LAVAL. Transforming Dentistry: Australian Researcher Uses BioPrinting to Engineer New Jaw & Gum Cells. Acessado em: março de 2021. Disponível em: https://www.dentistealaval.com/en/2016/04/transforming-dentistry-australian-researcher-uses-bioprinting-to-engineer-new-jaw-gum-cells/
Como citar essa matéria:
CAMPOS, E. Transformando a Odontologia: Pesquisador australiano usa bioimpressão para desenvolver novas células da mandíbula e gengiva. Publicado em: 21 de março de 2021. Disponível em: https://www.bioedtech.online/post/transformando-a-odontologia-com-a-bioimpressao
Emanuel Campos é consultor de tecnologia 3D para a educação e indústria 4.0. É tecnólogo em Gestão e Projetos Mecânicos e coordenador pedagógico na BioEdTech, onde desempenha atividades educacionais e de inovação em biofabricação 3D.
Contato: emanuel.campos@bioedtech.com.br
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